Triticale: entenda o que é, como cultivar e porque é uma boa alternativa
No mercado de produtos agrícolas existem diversas opções que permitem inovar na agricultura e fazer um melhor plano de negócios da propriedade rural. Conhecê-las é fundamental, por isso, vamos falar sobre o triticale. Esse cereal de inverno é fruto de cruzamento e apresenta diversos benefícios no cultivo. No entanto, muitos agricultores passam por dificuldades no manejo da cultura, pois ainda não conhecem bem a farinha de triticale.
Quer saber mais sobre o que é esse grão, suas especificidades e demais assuntos correlatos? Siga com a leitura que vamos contar!
O que é o triticale?
Ele consiste em um cereal híbrido, típico de inverno, e é derivado da junção de duas espécies, o trigo e o centeio. Por conta disso, a farinha de triticale se mostra mais flexível que outros cultivos, pois tem as qualidades do trigo e a rusticidade do centeio.
O triticale é o primeiro cereal que foi produzido pelo homem por cruzamento híbrido e que impactou de modo significativo o mercado econômico. O triticale consegue resistir bem às geadas, contribui com a manutenção da palhada em solos fracos e com o plantio direto de outras culturas.
Como desvantagem, o cereal não tem boa resistência ao calor e a seca. No entanto, o triticale apresenta boa adaptação a solos e climas no geral, além de ser resistente a doenças fúngicas. Suas características fazem com que seu cultivo seja predominante na Região Sul do Brasil.
Inicialmente produzido com a finalidade de suprir a alimentação de animais, o triticale também tem sido considerado como uma opção interessante na produção de alimentos para humanos. Vale destacar que o cereal tem propriedades que contribuem na fabricação da cerveja. O triticale consegue degradar seu próprio teor de amido da mesma forma que a cevada, fazendo com que seu uso na produção de cerveja, por exemplo, seja bem vantajoso.
Como cultivar esse grão?
A produção do triticale se assemelha bastante com a produção e a cultura do trigo. A mentalidade de cultivo do referido grão surgiu, inicialmente, como uma forma alternativa de consumo humano. No entanto, foi difícil estabelecer uma qualidade padrão logo de início.
Exatamente por isso, o triticale foi modificado para consumo animal, especialmente de suínos e aves. Hoje, esse é o seu maior uso. No entanto, a farinha de triticale já é usada para produzir biscoitos, pizzas e outros produtos de baixa fermentação.
Por ser uma cultura que se adapta a diferentes climas e condições de solo, o triticale apresenta uma capacidade de produção bem alta. Suas sementes são conhecidas pela rusticidade, que faz com que a qualidade exigida seja entregue com frequência. Além disso, ele tolera solos ácidos e resiste a fungos com eficiência, mantendo a produção em alta.
O cultivo
O cultivo do grão começa pela adubação e a calagem do solo. Apesar de o triticale resistir em basicamente qualquer solo, é altamente recomendável fazer a correção da acidez por meio da aplicação de calcário, assim, é possível elevar a produção. A dose sugerida é a mesma para o cultivo de trigo, apenas considerando que não são aconselháveis as reaplicações de calcário em áreas já infestadas com mal-do-pé.
No mais, as similaridades com o cultivo do trigo são diversas, de modo a tornar desnecessário um programa de cultivo exclusivo para o triticale. Portanto, a maioria dos produtores costuma usar até mesmo o zoneamento que já foi elaborado para o cultivo do trigo.
A semeadura
A cultura do triticale tem a época de semeadura indicada da mesma forma que o trigo. Na Região Sul do Brasil, o cultivo tem a maior probabilidade de ter bons rendimentos dentro das zonas de plantação. Na maioria das vezes, o período de semeadura ocorre entre fevereiro e maio de cada ano. Fazendo o plantio nessa época, a possibilidade de ter um rendimento maior é mais acentuada.
Idealmente, a semeadura é feita em linhas, com um máximo de 20 centímetros de espaço entre elas. Indica-se manter a densidade entre 300 e 400 sementes aptas por metro e uma profundidade entre 2 e 5 centímetros. A saturação base do solo recomendada é de 70%. De acordo com os teores nutritivos do solo, pode ser preciso, ou não, realizar a adubação corretiva.
Quais são as boas práticas de cultivo do triticale?
Dentre as boas práticas de cultivo do triticale, podemos ressaltar:
- Assegurar um solo em condições razoáveis;
- Obedecer ao espaçamento entre as linhas de semeadura;
- Atentar-se à densidade de sementes por metro quadrado;
- Fazer um bom manejo de pragas;
- Colher cedo, para evitar prejuízos na qualidade;
- Se feita mecanicamente, realizar a colheita com equipamentos agrícolas em baixa velocidade;
- Esperar a umidade das espigas e dos grãos estar baixa.
Quais são as pragas e as doenças do triticale?
Um bom solo é muito importante para qualquer produção. Quando se fala em um cultivo de qualidade, é preciso saber sobre boas práticas. No entanto, é necessário se atentar para algo bem relevante: as pragas e as doenças. Além de bons equipamentos, uma boa plantação deve manter as pragas longe, na medida do possível, do produto.
Apesar de se desenvolver de modo resistente, o triticale não está imune a tais problemas. Em geral, as pragas e as doenças mais ocorrentes no triticale são lagartas, percevejos, corós e pulgões, sendo este último mais observado. No entanto, todas as doenças são bem controladas com um manejo de pragas feito corretamente.
O controle de pragas e doenças do triticale é feito da mesma forma que com outras plantações: o primeiro passo é o tratamento das sementes com fungicidas e inseticidas. Ao aderir a esse tratamento prévio, é possível diminuir os microrganismos logo de início, também ajuda na produção do cultivo e nos rendimentos, afinal, as plantas ficam mais vigorosas e se desenvolvem melhor. Portanto, o controle fitossanitário deve ser feito logo no começo da germinação.
O triticale é uma alternativa para solos hostis?
De novo falando sobre o solo, podemos colocar o triticale como uma boa opção para solos hostis. Primeiramente porque o grão permite a manutenção da palhada até mesmo em solos um pouco mais arenosos. Isso contribui diretamente com o plantio direto de outras culturas. Ou seja, é possível usar o triticale para fazer a rotação de culturas.
O período de cultivo do triticale (a partir de maio) é um momento quando se tem menos incidência de plantação, exatamente por ser uma época mais fria. Exatamente por isso, fazer a cobertura do solo pode ser uma boa ideia. O triticale é uma excelente opção para tal.
Ainda, vale observar que o triticale é um grão resistente a doenças, de modo geral. Usá-lo vai minimizar os danos ao solo, reduzir o índice de ervas daninhas na plantação e proteger o solo na entressafra. Benefícios adicionais são evitar a erosão e a perda de nutrientes. O triticale também apresenta um excelente custo-benefício, especialmente entre os cereais de inverno. Por isso, se apresenta como uma opção rústica vantajosa aos produtores que optam não apenas pela manutenção do solo, mas pelo cultivo em si.
Essa rusticidade diz respeito exatamente à tolerância que o triticale tem a condições do solo, como a acidez causada pelo alumínio. Isso faz com que o grão seja cultivado sem problemas em regiões marginais ao cultivo do trigo. Apesar da boa tolerância, é essencial corrigir a acidez do solo com apoio na aplicação de calcário. Além disso, o triticale responde de modo significativo à aplicação de nitrogênio no solo. Por isso, a dose deve ser de acordo com cada solo.
O triticale ajuda na lucratividade da produção?
Por fim, quem quer ter lucro com o cultivo deve sempre ponderar: será que essa opção vai trazer uma boa produtividade? Nesse sentido, será que o triticale ajuda na lucratividade do negócio agrícola? De modo simples, sim, é possível garantir a lucratividade da produção com o triticale. O grão tem um bom custo-benefício e baixo índice de perdas, exatamente por sua rusticidade.
Em comparação com o trigo, a produção do triticale é mais resistente às condições climáticas adversas, especialmente na fase vegetativa. Também, apresenta menos problemas de pragas nas folhas. Como mencionamos, é possível desenvolver o triticale até mesmo em solos mais hostis, o que colabora com a lucratividade e permite o uso de seu cultivo na rotação de culturas, por exemplo.
Além de, é claro, suprir a demanda que cresce cada vez mais, conforme o cereal se populariza. Afinal, o triticale tem qualidades panificáveis, alto índice nutritivo e já é amplamente usado na produção de rações.
O triticale é uma espécie de grão alternativo, fruto da junção entre o trigo e o centeio. Hoje, você conheceu mais sobre o seu cultivo, que tem chamado cada vez mais a atenção dos produtores rurais. Ele pode ser usado para a alimentação animal, rotação e sucessão de culturas e cobertura de solo. Com o conhecimento que você agora tem, vai ser possível considerar o triticale como opção de cultivo.
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