Você certamente já escutou algo do tipo: “O Brasil é o celeiro do mundo”. E esse ditado é verdade, pois nosso país é um dos maiores produtores de alimentos e insumos agrícolas do planeta. Por isso, abrir um negócio agrícola pode ser uma alternativa interessante para quem pretende investir em um mercado que permanece rentável todos os anos.

Ter um agronegócio é uma maneira de injetar em economia real, que corresponde a uma modalidade em que todos na cadeia produtiva ganham. Seja o proprietário do empreendimento, seja o funcionário ou parceiros, todos são beneficiados com um aumento de produção e lucratividade no setor. Sem falar no favorecimento da renda e consumo das famílias.

Vamos conhecer mais sobre desafios, vantagens e oportunidades do segmento agrícola.

O que é agronegócio e como funciona?

Negócio agrícola, também chamado de “agrobusiness”, corresponde às práticas econômicas relacionadas à agropecuária, ao manejo de florestas para comércio (silvicultura) e ao extrativismo vegetal (recolhimento de frutos, madeira e raízes).

Todos os empreendimentos que fornecem insumo agrícolas (remédio e alimento ao gado), máquinas para a agricultura e as instituições financeiras fornecedoras de crédito aos empresários rurais também estão relacionados com o segmento.

Além disso, é válido citar como integrantes o comércio (atacadista ou varejista) que revende produtos para o meio rural. Armazenamento, distribuição e marketing também fazem parte disso. Dessa forma, é possível notar que diversos setores econômicos funcionam para o agronegócio, mostrando sua força e importância socioeconômica.

Quais são as vantagens do negócio agrícola?

Os benefícios mais evidentes desse ramo são inúmeros. Conheça os mais impactantes.

Aumento natural de demanda

Uma verdade incontestável em que podemos citar é que as pessoas precisam se alimentar. Logo, investir em agronegócio inclui compreender sobre como essa realidade pode ser segura a longo prazo com relação a outros empreendimentos.

O crescimento populacional gera um crescimento natural da demanda por alimentos. Em qualquer país ou local que priorize uma alimentação onívora ou vegetaria, a produção alimentar será essencial. Sem ela, não tem como atender à demanda de comunidades inteiras. Por isso, investir nesse segmento é relativamente seguro.

Facilidade de promover networking

A comunidade do agronegócio é muito ativa e conhecedora sobre outros setores econômicos. Com frequência, pequenos produtores se reúnem em cooperativas ou plataformas online a fim de negociar com compradores e fornecedores.

Além disso, é um dos segmentos mais organizados com relação a eventos, promovendo cursos, palestras, workshops e oportunidades de negócio. Em todos esses locais (tanto online quanto presencialmente), é possível aumentar a rede de contatos de modo a conhecer as tendências e novidades agrícolas mais promissoras.

É pouco afetado por crises econômicas

Esse é um dos maiores benefícios, pois o setor é quase imune a crises econômicas, sejam elas nacionais ou internacionais. Em geral, o cenário é de crescimento e estabilidade, fazendo com que a economia impacte pouco em relação a outros segmentos.

Eficiência produtiva por meio da tecnologia

A utilização de recursos tecnológicos está em constante evolução dentro de todos os setores do mercado, e com o agronegócio também. Por meio da agricultura de precisão, as produções estão cada vez mais automatizadas e produtivas, eliminando desperdícios. Para isso, são feitos investimentos em maquinários (tratores e drones) e dados (sensores acoplados) para gerenciar áreas cultivadas em tempo real.

Essas ferramentas permitem que os agricultores reduzam as perdas e os custos, tornando o empreendimento mais lucrativo e eficiente. Além disso, devem fazer parte do plano de negócios da propriedade rural.

Agrotechs

Falando em tecnologia, o agronegócio tem ido muito mais além. Para diminuir os efeitos que as mudanças climáticas têm gerado, novos modelos de negócio repensaram a agricultura. O cultivo indoor de algumas variedades já uma realidade.

Com isso, veremos cada vez mais fazendas verticalizadas. O mesmo movimento que ocorre nas cidades, vai acontecer no campo, mas para o desenvolvimento de andares de cultivo e aproveitamento maior das áreas da fazenda. Esse tipo de cultura indoor, protege a produção e alavanca os resultados do agricultor.

Mas ainda é uma novidade no Brasil.

Quais são os principais riscos?

Os principais riscos do agronegócio podem ser chamados de desafios, afinal, todo negócio tem as suas dificuldades. Confira abaixo.

Estresses hídricos

A água é um recurso essencial para o cultivo da lavoura e do gado, por isso evitar crises hídricas deve fazer parte do cotidiano no campo. Além do consumo consciente de água, é válido investir em sistemas de irrigação direta para aumentar a eficiência das produções e economizar os recursos hídricos.

Mudanças climáticas

O clima está cada vez mais instável, o que mostra a necessidade de acompanhá-lo constantemente para evitar perdas na lavoura. Saber que vai haver um período prolongado de seca ou que virá uma geada é indispensável para obter sucesso produtivo. Recursos de acompanhamento da meteorologia e de agricultura de precisão são essenciais para não ficar refém dos inconvenientes climáticos.

Além disso, é importante investir em culturas diferentes para evitar diversificar as possibilidades e diluir problemas. Assim, quando o clima estiver muito extremo, as perdas comprometerão apenas uma parte dos seus investimentos, e não toda sua rentabilidade.

Emissões na agropecuária

Ao lado da importância de abastecer a população e atender sua demanda por alimento, está a missão de realizar ações de sustentabilidade no campo. Ou seja, diminuir o consumo de combustível fóssil e consumir materiais biodegradáveis serão normas no futuro. Por isso, é válido pensar nessas futuras exigências para garantir cultivos mais sustentáveis e que não agridem o meio ambiente.

Mão de obra no campo

Atualmente, o Brasil lida com a falta de mão de obra nas áreas rurais e com a necessidade de automatizar as lavouras. A missão da sociedade e das instituições de ensino é tornar o campo atrativo para jovens e adultos a fim de capacitá-los para exercer funções práticas e técnicas.

Controle biológico

O plantio de frutos, cereais, vegetais e tubérculos está sujeito a pragas e contaminantes que precisam ser controlados para garantir produções cada vez mais satisfatórias. Por isso, investir em produtos relacionados a essa demanda é indispensável para o sucesso da lavoura.

Como abrir um negócio agrícola?

Se colocar na balança riscos e benefícios, você verá que a conta fica empatada. Fecha em 5 a 5. Pensando nisso, reunimos algumas dicas iniciais para aumentar suas chances de ser bem-sucedido e de tomar uma decisão positiva. Confira.

Escolha por afinidade

O agronegócio é uma rede interligada aos segmentos produtivos da agropecuária. Ou seja, ele inclui atividades realizadas por fornecedores de equipamentos, insumos, sementes, serviços, industrialização e comercialização.

Logo, existem inúmeros segmentos que podem ser escolhidos para iniciar um empreendimento agrícola. Os critérios para tomar sua decisão devem ser compatíveis com a sua afinidade e conhecimento pelas atividades realizadas pelo seu futuro negócio. Dessa forma, você se sentirá mais motivado e seguro para enfrentar desafios e adversidades.

Pesquise o mercado

Escolher o propósito do seu negócio, diante a diversas opções, é um processo que deve ser muito bem avaliado. Para isso, pesquise o mercado para levantar dados e informações que apoiem sua decisão.

Usar fontes de informações oficiais do governo — como o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) —, pode ajudar muito nesse sentido. Pois os sites de tais instituições contêm dados relevantes sobre os setores agrícolas e as tendências para o futuro.

Invista em pequenas propriedades

Nem só de grandes cultivos vive o negócio agrícola. Por exemplo, na última década, o governo federal lançou diversos programas para ajudar pequenos e médios produtores rurais, contribuindo para a modernização e o aumento das produções. Logo, se você pensa em adquirir uma pequena propriedade, existem diversos incentivos que podem ser aproveitados.

Por exemplo, muitos empreendedores optam pela agricultura sustentável e orgânica, o que favorece a comercialização de produtos certificados com selos ecológicos. Tal prática impacta uma parcela selecionada de pessoas que consome mercadorias naturais, orgânicas e que não agridem o meio ambiente. E este público seleto está crescendo a cada dia, disposto a pagar mais para consumir com consciência.

Quais são os principais exemplos de agronegócio?

Para complementar o tópico anterior, selecionamos algumas sugestões de negócios agrícolas para você investir. Veja a seguir.

Agricultura vegetal

O cultivo de alimentos em hortas é a prática mais comum do segmento, e existem produtores que vivem exclusivamente disso por conta da alta demanda anual. Eles geram resultados econômicos positivos com o fornecimento de suas hortaliças em feiras livres, mercados, sacolões ou mesmo em localidades vizinhas.

O primeiro passo é adquirir um terreno apropriado, fazer uma adubação eficiente para o cultivo e construir um sistema de irrigação ou pulverizadores para iniciar esse tipo de negócio. Assim, é possível cultivar diversos produtos — frutas, legumes, hortaliças e tubérculos —, e fechar parcerias com estabelecimentos que comprarão no atacado no para revender. O mais comum é o plantio de alface, abobrinha, batata, cebola, cenoura, coentro, couve, repolho, rúcula, salsa e outros tipos que são comuns em pequenas hortas.

Cultivo de grãos e cereais

Grãos e cereais são alimentos estáveis (de alta durabilidade) consumidos em larga escala, portanto existe um mercado global para essa categoria. Produtos como aveia, arroz, cevada, trigo, milho, semente de girassol, soja, shogun (arroz japonês), e outros que têm bom valor de mercado o ano todo.

Essa demanda é expressamente utilizada por empresas que processam alimentos para produção de bebidas, farinhas e receitas prontas. Por exemplo, as cervejarias costumam comprar toneladas de cevada de uma única vez. Para realizar vendas grandes, basta produzir grãos de qualidade para aproveitar as oportunidades que essas companhias oferecem.

Agroindústria

A agroindústria pode ser muito lucrativa para quem pretende faturar com seu sítio. O primeiro passo é escolher um segmento produtivo para atender à demanda dos comércios. Depois, você precisa montar uma estrutura de fábrica para beneficiamento de produtos que serão colocados à venda. Os exemplos mais interessantes e rentáveis são fábricas de conservas, doces caseiros, geleias, polpas de frutas, linguiças artesanais e queijos.

Estabelecimento agropecuário

Isso mesmo, você pode atuar no agronegócio somente revendendo produtos para cultivo e manutenção de lavouras e cuidados com animais. O ideal é pensar em um catálogo variado de itens para tornar o estabelecimento mais atrativo na sua região. Ao atender diversos públicos, desde consumidores comuns até grandes produtores, você tem a chance de lucrar de forma orgânica e constante com a sua loja.

Podemos concluir que abrir um negócio agrícola é uma tarefa que reúne muitas vantagens por conta de ser um setor extremamente aquecido e que raramente sofre com crises. O melhor de tudo é a possibilidade de obter crédito para otimizar ou iniciar esse tipo de empreendimento. O consórcio agrícola, por exemplo, facilita a aquisição de implementos como aradoras, colheitadeiras, semeadoras, tratores, entre outros ferramentais e maquinários.

Se você gostou desse texto, selecionamos um assunto que vai complementar seus conhecimentos sobre abertura de um agronegócio. Conheça, então, as 4 práticas fundamentais da gestão agrícola.