A fenologia do milho, assim como de qualquer outra planta, representa as fases de crescimento e maturação da espécie. Para garantir um manejo adequado e potencializar a produção e a rentabilidade da safra, é fundamental entendê-las e identificá-las.

O cultivo de milho é um dos mais importantes para o agronegócio no Brasil: é o segundo mais produzido no país, atrás apenas da soja. E, se você já trabalha com esse tipo de cultura ou quer entrar no ramo, saiba que as previsões para 2023 são positivas!

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a estimativa para a safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas é de 302 milhões de toneladas. Um aumento de 14,7% ao comparar com o mesmo período de 2022.

E essa positividade toda tem mais um motivo: os recordes que a produção de milho e soja bateram nos últimos meses.

E aí, ficou animado em aprender mais sobre esse cultivo? Leia até o final e descubra o que é fenologia e sua importância para a cultura do milho, quais são as etapas de desenvolvimento e como identificá-las.

O que é fenologia e sua importância para a cultura do milho?

A fenologia é o estudo dos processos biológicos de uma planta relacionados ao clima da região, incluindo, principalmente, as diversas fases de crescimento e maturação. Por meio dela, é possível entender a necessidade de irrigação, oferta de nutrientes e outras ações de manejo para cuidar bem da lavoura.

Esse estudo possibilita entender quando algo está inadequado e como reverter corretamente a situação, evitando prejuízos por meio de um planejamento assertivo.

O planejamento deve incluir todos os estádios da fenologia do milho e suas respectivas demandas e práticas. Apesar das espécies de milho possuírem um mesmo padrão de crescimento, as fases de cada uma delas podem ter tempos diferentes, conforme:

  • os híbridos distintos;
  • ano agrícola;
  • data e período do plantio;
  • local da plantação, considerando seu clima e solo.

Como funciona a fenologia do milho?

A fenologia do milho é dividida em dois estádios: vegetativo e reprodutivo. O vegetativo inclui desde a germinação até o pendoamento, enquanto o reprodutivo começa no pendoamento e acaba na maturidade fisiológica. O que difere cada fase é a quantidade de folhas na planta e o desenvolvimento da espiga.

Para estimular o máximo potencial produtivo da plantação, a chave é conhecer e identificar cada fase para determinar as práticas de manejo mais adequadas.

Os estádios do milho são baseados na escala fenológica elaborada por Ritchie, Hanway e Benson. De acordo com eles, a cada nova folha desenvolvida, uma nova etapa vegetativa é iniciada.

Leia também: Para que serve o Plano de Manejo e como elaborá-lo?

O que significa V1, V2, V3, V4, V5 e V6 no milho?

É simples saber o que significa V1, V2, V3, V4, V6 e V6 no milho: a letra V corresponde ao estádio vegetativo e o número à quantidade de folhas totalmente expandidas antes do pendoamento. O estádio vegetativo se inicia em VE, passa por V1 a V18 e entra em VT (pendoamento).

Um detalhe muito importante para produtores é entender como funcionam as fases vegetativas na prática: de acordo com a Embrapa, cada estádio fenológico é determinado pela formação visível do colar na inserção da bainha da folha com o colmo.

Para contar como um estádio, a primeira folha, de cima para baixo, deve apresentar o colar visível e estar totalmente desenvolvida.

De modo geral, o ciclo da cultura do milho possui as seguintes fases de desenvolvimento:

  1. germinação e emergência: desde o plantio até o aparecimento da plântula. Pode demorar de cinco a 12 dias dependendo da temperatura e da umidade da terra;
  2. crescimento vegetativo: é a etapa entre a formação da segunda folha e o começo do florescimento;
  3. florescimento: marca a fase da polinização até o começo da frutificação;
  4. frutificação: estádio que envolve desde a fecundação até o enchimento total de cada grão. Pode durar de 40 a 60 dias;
  5. maturidade fisiológica: final da frutificação e o surgimento da camada negra.

Estádios vegetativos do milho

VE

Desde a germinação e a emergência das plântulas de milho. Faça um plantio profundo e uniforme e forneça água na medida certa para acelerar a emergência e garantir a harmonia entre as plântulas.

V1 a V5

Representa a fase pequena da planta, que está crescendo abaixo do solo. Aqui é definido o potencial de produção. Caso haja perda de folhas no estádio V4, pode haver redução de 6% a 14% da produtividade.

Em V5, mantenha a temperatura do solo equilibrada: muita água pode matar a planta, e pouca, atrasa seu ciclo.

V6 a V10

Já na fase V6, a planta atinge o ponto de crescimento e o pendão acima do solo.

Para estimular o crescimento mais rápido, é aconselhável adubar a terra com nitrogênio nesse período, visto que, nos estádios V9 e V10, a cultura do milho necessita bastante desse nutriente.

Outra etapa importante é a V8, pois define a quantidade de fileiras de grãos na espiga. Caso haja excesso de irrigação, a plantação pode ser prejudicada, perdendo de 38% a 62% de produtividade. Fatores externos que são perigosos nesse estádio são geadas, pragas, doenças e chuva de granizo.

Para finalizar esse período, há as fases V9 e V10, que iniciam o desenvolvimento das flores. A partir do V10, os estádios do milho terão duração mais curta, com maior necessidade de água.

V12 a V18

Agora, em V12, é hora da definição do tamanho e da quantidade de grãos em potencial em cada espiga. Os estilos-estigmas, popularmente conhecidos como cabelos do milho, começam a crescer no estádio V17.

É essencial potencializar a irrigação nesse momento. A falta de água duas semanas antes e duas depois do florescimento e enchimento dos grãos pode causar sérios prejuízos em termos de produtividade.

Dependendo do híbrido utilizado e da região de cultivo, esse período pode durar até o V20.

VT

Para finalizar o estádio vegetativo, chega-se ao pendoamento, quando é possível ver o último ramo do pendão e os estilos-estigmas ainda não saíram da espiga.

Essa etapa varia de duração com base no cultivo e no híbrido plantado.

Uma dica para aumentar a produtividade em VT é manter a temperatura abaixo de 35℃ e a irrigação adequada a fim de não reduzir a formação de grãos de pólen e impactar o desenvolvimento da espiga.

Continue aprendendo: Entenda aqui como aumentar a produtividade agrícola

Quais são os estádios reprodutivos do milho?

O estádio reprodutivo do milho, assim como o vegetativo, é representado por uma letra e um número: R1, R2, R3, R4, R5 e R6. Ele se inicia quando os estilos-estigmas estão completamente visíveis:

  • R1: embonecamento e polinização com liberação dos grãos de pólen, o que pode atrapalhar nessa fase são temperaturas elevadas e pouca água;
  • R2: estádio da bolha d'água, porque os grãos são formados por um fluido composto por açúcares;
  • R3: fase do grão leitoso, quando os açúcares dos grãos do milho se transformam em amido. O peso do grão é definido em R3, que acontece depois de 12 a 15 dias da polinização;
  • R4: o grão se torna pastoso, com ainda mais amido, ficando mais pesado. Aqui já há quase metade do peso da espiga na sua maturidade;
  • R5: estádio da formação de dente, quando há cerca de 55% de umidade no grão e a linha do leite fica visível. Há o aparecimento de “dentes”, uma concavidade em cima do grão;
  • R6: formação completa dos grãos na espiga, com redução da camada do leite. Há o aparecimento da camada preta, na base do grão, mostrando que a planta está com maturidade fisiológica e pronta para ser colhida.

Como identificar os estádios fenológicos do milho?

Para identificar os estádios fenológicos do milho é necessário entender cada detalhe do seu desenvolvimento e a qual fase está relacionado. Durante o estádio vegetativo, deve-se acompanhar a quantidade de folhas 100% expandidas e, no reprodutivo, identificar o crescimento da espiga e seus grãos.

Veja um resumo de como identificar os estádios fenológicos do milho na tabela abaixo, divulgada pela Embrapa.

Fonte: Embrapa

De modo geral, o ciclo completo da fenologia do milho pode se classificado em:

  • superprecoce: até 110 dias;
  • normal: entre 110 e 145 dias;
  • tardio: maior que 145 dias.

Como investir no cultivo de milho?

Uma das melhores formas de investir no cultivo de milho é participando de uma modalidade de crédito caracterizada por ser um autofinanciamento, sem cobrança de taxas de juros: o consórcio agrícola.

Esse modelo cobra apenas taxas administrativas e, a longo prazo, oferece uma carta de crédito para que o produtor seja contemplado com o valor que precisa para adquirir determinado bem, como máquinas e equipamentos agrícolas mais modernos e eficientes.

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